domingo, 25 de novembro de 2012

Olhar de Nuvem.

Um olhar cerrado, uma boca em linha reta e lá vem a nuvem.
Sufocante amônia tomando conta do ambiente.
Sou eu quem trago a toalha enxarcada... sua testa queima e estou correndo para resfriá-la.
Eu tento inundar a nuvem com o vapor do meu pano ao tocar você...
Mas meu pano quente não mata a nuvem cinza que você trouxe ao ser contrariada.
Deixa disso...
Cansa...
Como essa vida ingrata que teima em fugir do roteiro cor de rosa que pintamos.
Como essa preguiça doentia que apodrece as oportunidades... de se crescer, de se fazer, de se viver.

- os olhos se fecharam, ouviu-se um suspiro. A boca relaxou frouxa e desencantada junto com os olhos que piscaram, se abriram e se foram.

A nuvem sufocou- se no meu pano quente.

(Ísis Delmiro)


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