sábado, 21 de dezembro de 2013

Num Suspiro.

"- Quem és? Perguntei ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada."  
Hilda Hist

Gosto, cheiro, desejo,
Querer, pele, animalidade.

Tudo que quero tá num beijo
Tornar esse suspiro realidade
Sonhando ir além do ensejo
Entrar no teu mundo de verdade

Saber o que há por trás do gracejo
Matar de jeito minha curiosidade
Transpor o que só eu vejo
Trazer tua alma pra claridade 

É meu anseio que desprotejo 
Ou o que descubro é afinidade? 
Tenho medo do que te entrevejo
Do que nasce da necessidade.

(Ísis Delmiro)

sábado, 14 de dezembro de 2013

Borrão

E há momentos em que a ordem na verdade e caos.
Há uma revolução, uma transformação... uma vontade sem nome... por dentro do peito dela.
Há o amor, existem os sonhos, os medos, as dúvidas...
Há a insatisfação, a vontade,  a busca por entendimento,  a busca pela direção...
Onde eu me encontro? O que quero? Onde mora a plenitude?
Tudo como um borrão.  Indefinido.
So se vê as cores desse tudo.
...
Respirou fundo. Era nauseante demais... cansativo e difícil. Mas ela quer ser... e viver.
(Isis, hoje. )

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Só o que quero escrever.

" Contanto que você escreva o que quer escrever, é só isso que importa; e se isso importa por eras ou apenas por horas ninguém pode dizer. Mas sacrificar um cabelo da cabeça da sua visão, um tom de sua cor, em respeito a algum Diretor com um vaso de prata em suas mãos ou a algum Professor com uma fita de medir escondida na manga, é a traição mais desprezível, e o sacrifício da riqueza e da virtude que costumavam ser considerados como o maior dos desastres humanos, uma mera picada de formiga em comparação."
(Virginia Woolf)

Ensaio: Um teto todo seu, tradução de Brenda Nepomuceno

Do blog Livro e Café.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

domingo, 29 de setembro de 2013

Vc é meu sol...


"Tento me erguer
Às próprias custas
E caio sempre nos seus braços
Um pobre diabo é o que sou
Um girassol sem sol
Um navio sem direção
Apenas a lembrança
Do seu sermão
Você é meu sol
Um metro e sessenta e cinco de sol
E quase o ano inteiro
Os dias foram noites
Noites para mim
Meu sorriso se foi
Minha canção também
Eu jurei por Deus
Não morrer por amor
E continuar a viver
Como eu sou um girassol
Você é meu sol
Eu tento me erguer
Às próprias custas
E caio sempre nos seus braços
Um pobre diabo é o que sou
Um girassol sem sol
Um navio sem direção
Apenas a lembrança
Do seu sermão
Morro de amor e vivo por aí
Nenhum santo tem pena de mim
Sou agora um frágil cristal
Um pobre diabo
Que não sabe esquecer
Que não sabe esquecer
Como eu sou um girassol
Você é meu sol"

(Composição: Edgard Scandurra, "O Girassol", Ira!)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Mãos.




Delicadas, lânguidas, suaves, macias...
Aveludadas, libertas, quentes, belas...
Tocaram com graça meu rosto encantado
levaram de mim fogo alastrado.

E vieram as rudes, crespas, frias...
Tristes, feias... mas como duas alegrias
Salvação de um coração amargurado
No caminho da ilusão abandonado

O calor de outrora, agora frieza
Meu amor inútil, sua natureza
No silêncio do quarto, uma certeza:

O doce sentimento se esconde na bruteza.

(Ísis Delmiro)








sábado, 24 de agosto de 2013

O verbo no infinito

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...
(Vinícius de Moraes)

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Perder-se, para encontrar-se...

"Ser mãe me transformou irremediavelmente, sem chance de fuga: com minhas filhas recém-nascidas, eu vi morrer a pessoa que tinha sido até então para não voltar mais. E em lugar dela, eu ainda não sabia o que viria. Durante muito tempo – anos, na verdade – vivi num limbo no qual já não era possível ser o que eu havia sido até então, mas o que eu seria dali por diante ainda não havia se construído inteiramente, era processo, era caminhada. Uma caminhada às vezes bem solitária, sem garantias do que quer que fosse.

Era como se tudo o que eu havia sido, desejado, pensado, acreditado e planejado antes de parir minhas meninas tivesse sido de repente varrido do meu mapa, eliminado da face da terra sem que eu tivesse o que lhe colocar no lugar, a não ser um emaranhado de coisas desconhecidas e até um pouco assustadoras, que eu tateava desastrada e ansiosamente, na ânsia de compreender quem eu seria dali por diante.Quando recebemos um filho no mundo, abrindo-lhe os braços para que nos ensine e transforme tanto quanto possa, vemos subitamente questionadas todas as nossas certezas anteriores, tão bem cultivadas anos a fio: de uma hora para a outra, não sabemos mais quem somos, o que queremos, o que esperamos da vida, no que acreditamos. Tudo precisa ser reconstruído, redescoberto. É o plantio de uma coisa totalmente nova. Um renascimento.

Oito anos depois, consigo ainda recordar muito bem esse sentimento: olhar ao redor, e não reconhecer mais coisa alguma. Ver-me abandonada diante de algo inteiramente desconhecido. Vista desta forma, a maternidade é até certo ponto uma experiência de morte: faz parte da entrega deixar que o que fomos até ali morra, para dar lugar a uma outra coisa. Morremos quem éramos, para ser quem seremos. Quando nasce um filho, nasce não apenas uma mãe, mas um ser inteiramente novo. E este nascer dói, como dói o ar que infla os pulmões do bebê no primeiro sopro de vida. Para eles, é apenas um segundo – para nós, pode durar meses, anos, quase uma vida.

(...)

Nestes anos de maternidade, eu fiz uma revolução. Só minha, pessoal. Uma revolução feita de amadurecimento, de valentia, de alegrias e dores, de perdas e conquistas. E se eu não tivesse dado à luz minhas meninas, há oito e quatro anos, eu certamente não estaria aqui, não desta forma. Não seria essa pessoa que eu sou hoje, que olho no espelho e gosto de ser, e reconheço como alguém mais inteiro e verdadeiro diante de si e do mundo.

Se eu pudesse voltar no tempo, teria algo importante a dizer à Renata de oito anos atrás, aquela menina um pouco assustada com tamanhas reviravoltas lhe transformando a vida. Eis o que eu lhe diria com voz doce e palavras sussurradas ao pé do ouvido, com amor e delicadeza: ‘tenha paciência. não há de ser fácil. vai haver dor. será preciso desapegar, deixar ir, permitir que as coisas se percam, morram, digam adeus. mas lembre-se: as coisas morrem para dar lugar a outras, para permitir recomeços. Então, tenha coragem. entregue-se, permita se diluir. será esta talvez a experiência mais libertadora da sua vida: permitir perder-se, para encontrar-se’."
(Renata Penna)

Via http://vilamamifera.com/mamiferas/perder-se-para-encontrar-se/

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Um segredo...




Vencer a ânsia humana do querer sempre mais e da valorização exagerada da imagem/riqueza é um dos segredos da felicidade. #simplicidadeétudo

(eu, hoje.)

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A razão crítica de Cervantes através da loucura de Dom Quixote

Dom Quixote", o primeiro grande romance da literatura universal, está completando 400 anos. Dividido em duas partes, teve a primeira publicada em 1605, quando Cervantes andava pelos 57 anos. Obteve sucesso inesperado. Traduzida para o inglês em 1612, e para o francês em 1614, a obra atraía aos portos das Américas centenas de leitores ávidos por revistar as embarcações chegadas da Espanha à procura de um volume. Em 1615 Cervantes publicaria a segunda parte das aventuras do cavaleiro da Mancha. No ano seguinte, a 23 de abril, ele haveria de se encontrar com Shakespeare do outro lado da vida, pois os dois faleceram no mesmo dia.

 

Toda obra de arte vale por sua beleza e não necessita de explicaçoes. Ela é polissêmica e cada pessoa a aprecia a partir de sua sensibilidade. Pois todo ponto de vista é a vista a partir de um ponto. A sensibilidade, porém, não é uma qualidade inata. Pode e deve ser apurada, acrisolada, refinada, de modo que se extraia da obra de arte o máximo proveito. O que para alguém são apenas dois pedaços de madeira cruzados ao acaso, para muitos é a cruz carregada de significado, símbolo de uma fé religiosa fecundada na história do Ocidente pelo sangue dos mártires.

 

Sabemos também que todo texto é melhor compreendido quando situado dentro de seu contexto. O impacto que causa a estética da arquitetura de "Dom Quixote" provoca a curiosidade da razão, suscitando interrogações que nos impelem ao irresistível e difícil trabalho de arqueologia do texto, como quem contempla a imponência das pirâmides do Egito e se indaga como foi possível obra tão monumental quando ainda a roda não havia sido inventada.

 

Em "Meditaciones sobre el Quijote", Ortega y Gasset frisa que "no existe libro alguno cuyo poder de alusiones simbólicas al sentido universal de la vida sea tan grande y, sin embargo, no existe libro alguno en que hallemos menos anticipaciones, menos indicios para su propia interpretación".

 

O que sabemos, porque nos é dito pelo autor no próprio texto do romance, é que "Dom Quixote" é uma paródia dos livros de cavalaria. O autor pretendeu, segundo as suas próprias palavras, "destruir a autoridade descabida que exercem no mundo e entre o povo os livros de cavalaria." No último capítulo da obra, quando Dom Quixote já se encontra no leito de morte e recupera a lucidez, voltando a ser o bom Alonso Quijano, ele desabafa aos amigos que o cercam: "Tenho o juízo já livre e claro, sem as sombras caliginosas da ignorância com que o ofuscou a minha amarga e contínua leitura dos detestáveis livros de cavalaria. Já conheço os seus disparates e os seus embelecos e só me pesa ter chegado tão tarde este desengano, que não me desse tempo para me emendar, lendo outros que fossem luz da alma". E mais adiante: "Já sou inimigo de Amadis de Gaula e da infinita caterva de sua linhagem; já me são odiosas todas as histórias profanas de cavalaria andante; já conheço minha necedade e o perigo em que me pôs o tê-las lido; já por misericórdia de Deus, e bem escarmentado, as abomino".

 

Um romance não é obra apenas da razão. Resulta sobretudo do inconsciente, lá onde a intuição garimpa a matéria-prima que surpreende o próprio autor. Portanto, ao motivo explícito revelado por Cervantes – a crítica radical à literatura de cavalaria – há que se perguntar que outras motivações o impeliram a dedicar tantos anos a uma obra tão bem estruturada. Não importa que essas motivações não tenham sido apontadas pelo autor e, quem sabe, nem eram nele conscientes. Assim como o funcionamento de um relógio pode ser melhor compreendido ao desmontá-lo em suas diferentes peças, também o texto, como as pirâmides do Egito, contém galerias e redutos plenos de tesouros.

 

A crítica social

 

A crítica social de "Dom Quixote" é melhor percebida ao recordar que o autor foi súdito da monarquia absolutista de Felipe II, apoiada pela Contra-reforma tridentina, e redigiu sua novela sob o reinado decadente de Felipe III. Felipe II arruinara a Espanha com a sua megalomania expansionista, investindo na dilatação de um império que abarcava desde as Filipinas ao norte da Europa, a África e o Novo Mundo latino-americano, até mesmo o Brasil, onde os portugueses foram os primeiros a aportar. As exorbitantes despesas militares, a obsessão por espalhar pelos mares sua Armada Invencível, os gastos com a exploração e a importação de ouro e prata das Américas, foram fatores que mergulharam o país de Cervantes na espiral inflacionária, agravando a crise social. A Mancha, terra de Dom Quixote, é o retrato da decadência do reino, onde o desemprego multiplicava pelos povoados e caminhos pícaros, mendigos, vadios, charlatães, bandidos, enfim, toda uma classe de marginalizados e excluídos cujos farrapos destoavam dos elmos dos oficiais do rei e dos heróis dos romances de cavalaria.

 

Em 1898 a Espanha perdeu, com a independência de Cuba, suas últimas colônias. Então o "Quixote" passou a ser lido com novos olhos: Cervantes prefigurara ali a ruína da Espanha, desbancada de sua loucura imperialista – embora a herança conservadora da Contra-reforma tenha produzido, no século XX, a aterradora figura do generalíssimo Franco.

 

Tornar-se hoje mais fácil reler o "Quixote" destacando sua aguda crítica social. Em 1605 já não havia castelos na Mancha. Havia casebres, albergues e bodegas, entre os quais trafegariam o cavaleiro da triste figura e Sancho Pança, seu fiel escudeiro, opondo-se a todas as instituições de poder: o Estado, a polícia, a Igreja e as atividades econômicas.

 

Em 1925 Américo Castro publicou "El pensamiento de Cervantes", comprovando a influência de Erasmo de Rotterdã sobre Cervantes. López de Hoyos, professor do criador do Quixote, era erasmista convicto. Em um trecho do romance é citado o livro de devoção "Luz del alma", de frei Felipe de Meneses, também discípulo de Erasmo. Este erudito sacerdote flamengo dedicou-se a libertar a teologia do formalismo da escolástica decadente. Era um homem de mente aberta, tornara os textos bíblicos acessíveis aos leitores leigos, desmistificou o rigor acadêmico dos textos teológicos, tão misteriosos e herméticos aos olhos do vulgo frente aos dogmas que reforçavam.

 

Nutrido pelas fontes do pensamento humanista, como Platão, Aristóteles e Horácio, Cervantes relativizou tudo aquilo que o  poder, tanto político quanto eclesiástico, absolutizava. Iniciou sua narrativa por nos contar que Alonso Quijano enlouqueceu de tanto ler. E a partir daí construiu o contraponto entre ilusão e verdade, mesclando a realidade e o sonho, o cotidiano e o quimérico, o heróico e o cômico, sem ceder ao ceticismo dos escritores barrocos. "Dom Quixote" não é um romance picaresco, embora esteja repleto de pícaros. É uma sátira inconformista que arranca a máscara do império espanhol, mostrando que não há heróis nem cavaleiros, há sim maus escritores, soldados indisciplinados, inquisidores disfarçados, médicos incompetentes, bandidos, assaltantes, camponeses e pastores.

 

Otto Maria Carpeaux observou que, influenciado pelo humanismo tolerante e crítico de Erasmo, Cervantes fez uma criação crítica e uma crítica criadora. Seu personagem defende as vítimas das injustiças praticadas pelos poderosos e nos alerta para a facilidade com que os nossos olhos míopes encaram a realidade: vemos gigantes maldosos onde há apenas moinhos de vento; exército de inimigos onde pasta um rebanho de ovelhas; um grande troféu numa simples bacia de barbeiro.

 

"Amadis de Gaula" e outros romances de cavalaria glorificavam a mentalidade feudal e a empresa colonizadora da Armada espanhola. Cervantes ergueu a sua pena contra todos aqueles que insistiam na loucura de pretender encobrir a verdade histórica com a ficção cosmética. Na folha de rosto da 1ª. ediçao há o desenho de um escudo e, nele, o lema: "Post tenebris, spero lucem"- depois das trevas, espero luz. A luz do antidogmatismo, que derruba as verdades absolutas e as certezas consideradas irremovíveis. A luz que nos permite ver que, de fato, tudo é ambíguo, contraditório, dialético. Até mesmo o próprio Cervantes, que no fim da vida escreveu – pasmem! – um romance de cavalaria, "Persiles y Segismunda".

 

Bergamín (e não Chesterton, como muitos pensam), nos preveniu que "louco é aquele que perdeu tudo, menos a razao". E Michel Foucault, em "Les mots e les choses" frisa que Quixote é o louco senhor da razão, mas não com a sua loucura, e sim com o seu protesto. Hoje, o império são os EUA. E onde há apenas pequenas instalações industriais e bases petrolíferas ele enxerga armas de destruição em massa; onde há apenas famílias trabalhadoras, ele vê terroristas; onde há tão-somente homens e mulheres que praticam com devoção sua fé muçulmana, ele aponta fanáticos e fundamentalistas.

 

Onde andarão os Cervantes capazes de derrotar com a sua pena aqueles que nos miram com as suas armas?

(Texto de Frei Betto, daqui.)

quarta-feira, 20 de março de 2013

De Gramática e de Linguagem



E havia uma gramática que dizia assim:
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das cousas. As cousas sim !...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso.

As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.
Uma pedra. Um armário. Um ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,
Amigo ou adverso...João só será definitivo
Quando esticar a canela. Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. luminoso.
Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...

Mario Quintana
(1906-1994)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Bom dia.

Rostos sérios
Olhares perdidos
Hálitos secos
Cheiro de sabonete...
Onde fica a mágica?
Vou pôr o piano
Numa boa música
Vou fechar os olhos
Sentir o gosto de café com chocolate
E daí alimentar a esperança
Ter fé
De que esse vai ser um bom dia.

Bom dia.

(Ísis Delmiro)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Olhos Fundos.

Atrás desses olhos fundos há um mundo que você não conhece.
Não são somente lágrimas guardadas, há os sonhos, os desejos, as mágoas, as dores, os amores.
Não pense que o sorriso, a maquiagem e a conversa corriqueira mostram o que se é. Não, não mostram nada.
Ela ama, odeia, sofre, chora, explode, definha, engole seco, leva a punhalada, congela de medo, irradia alegria, se sente plena, se apaixona, estranha, se decepciona, sente saudade, deseja, sente dor .... tudo com o mesmo sorriso, a mesma maquiagem e a mesma conversa.
Ter um vislumbre do mundo atrás dos olhos fundos, só acontece com quem tem olhos de ver. E de sentir.
Lá o tempo, o céu, o cenário, tudo, tem cores e flores só dela.
A tela, é ela. E muda, se transforma a cada emoção... sentimento... momento.

Mas... você consegue ver?