sábado, 13 de novembro de 2010

"Errante", de Florbela Espanca.

---> Por enquanto, prefiro mostrar a você, leitor, a personalidade em eterna construção desta alma metida a querer ser "escrevedora poeta" que sou, usando como instrumento as palavras que me inspiram sempre, para uma possível e almejada compreensão do mundo estranho que construo aqui.
Eis que começo com minha poetisa favorita, Florbela Espanca, com um dos seus vários e lindos poemas em que me encontro...


"Meu coração da cor dos rubros vinhos
Rasga a mortalha do meu peito brando
E vai fugindo, e tonto vai andando
A perder-se nas brumas dos caminhos.
Meu coração o místico profeta,
O paladino audaz da desventura,
Que sonha ser um santo e um poeta,
Vai procurar o Paço da Ventura…
Meu coração não chega lá decerto…
Não conhece o caminho nem o trilho,
Nem há memória desse sítio incerto…
Eu tecerei uns sonhos irreais…
Como essa mãe que viu partir o filho,
Como esse filho que não voltou mais!"

(Errante, do livro Trocando olhares - 23/04/1917)

Nenhum comentário:

Postar um comentário